Contaminação em bairro ainda é analisada em Campinas
Nove anos depois, insegurança ameaça área infetada por produtos químicos no bairro campineiro
Quase uma década depois do anúncio de que parte do solo do bairro Mansões Santo Antônio, em Campinas, estaria contaminado por materiais nocivos à saúde — provenientes da atividade da Proquima Produtos Químicos Ltda., que funcionou no local por mais de 20 anos e encerrou suas atividades em 1996 —, a Prefeitura admite que ainda não tem a exata noção da real dimensão do problema e de seus efeitos à população.
A afirmação foi feita ontem pelo secretário de Assuntos Jurídicos, Antonio Caria Neto, e o interino da pasta de Meio Ambiente, Júlio César Tosello, durante uma audiência pública ocorrida no plenário da Câmara sobre os empreendimentos residenciais embargados na cidade. Segundo Caria Neto, que chegou a mencionar a área como “polígono maldito”, os estudos técnicos já realizados pela construtora Concima, que comprou a área para levantar prédios na década de 90, não foram eficientes para que pudesse ser iniciada uma recuperação adequada. Agora, a própria Administração corre atrás de recursos públicos para fazer ela mesma as análises que o setor privado não apresentou de forma satisfatória.
Caria Neto também concordou que a construção de prédios ali pode ser considerada como algo equivocado por não ter levado em consideração a importância de um laudo ambiental antes das obras. Contudo, na época, foi cumprido um termo de ajustamento de conduta (TAC), firmado com o Ministério Público (MP), para que o empreendimento Residencial Parque Primavera, localizado exatamente no ponto da antiga indústria, fosse iniciado. “O problema é que, na época, não se pensou na questão ambiental e nem no problema que seria gerado com a liberação de prédios ali”, afirmou o secretário de Assuntos Jurídicos.
Apenas depois da conclusão do novo estudo técnico da Prefeitura que vai dimensionar a área contaminada, ainda sem data para começar, é que será possível dar os primeiros passos em uma recuperação do solo, que pode levar anos. Os valores necessários para esse primeiro estudo mais eficaz não foram estipulados, mas Tosello afirmou se tratar de milhões de reais.
O assunto surgiu depois que alguns compradores de imóveis no Mansões Santo Antônio, que estavam no plenário, passaram a exigir o direito de ocupar duas das três torres do Residencial Parque Primavera. A torre A já está ocupada, desde 2001, por 52 famílias. Um total de 104 famílias aguardam uma solução. “Na minha opinião, tem que tirar (as famílias que vivem no prédio). O material que tem lá possui metal pesado e elementos voláteis, que criam um gás. Esse gás é inflamável. Se você tiver uma grande quantidade desse gás confinado lá embaixo e você provocar uma combustão, vai acontecer... Ele é um gás inflamável. Por isso, precisamos saber o tamanho exato disso”, alertou Tosello.
“Eu só vou liberar alguém de morar lá a hora que eu tiver certeza que a contaminação está dentro dos limites, que não há risco de explosão e nem vai causar nenhum problema futuro de doença na pessoa. Na hora que alguém disser isso, pode morar lá. Mas enquanto não tiver essa certeza, eu não deixo”, reforçou o secretário interino de Meio Ambiente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário